Dia de Reis: grupos de reisado buscam inspirar jovens a manter tradições
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Dia de Reis: grupos de reisado buscam inspirar jovens a manter tradições

A tradição do reisado, manifestação cultural enraizada na celebração do Dia de Reis, ganha novos contornos através do esforço de grupos de diversas regiões do Brasil. Esse movimento, que resgata os sons da zabumba, os versos e as danças que acompanham o legado dos mais velhos, é fundamental para manter viva uma herança que reflete a pluralidade e a riqueza cultural do país. Em Juazeiro do Norte, por exemplo, a mestra Cícera Flatenara, aos 27 anos, transformou sua trajetória pessoal em missão de perpetuar a arte do reisado, que celebra o nascimento de Cristo e a visita dos reis Magos.

O projeto tem sido recebido com grande entusiasmo pelo público, que valoriza a preservação e a renovação de tradições ancestrais. Inspirada pelo exemplo de seu pai, o mestre Cicinho, que infelizmente foi assassinado no Dia de Reis, Cícera assumiu a responsabilidade de incentivar a participação de jovens na manifestação. Ela lidera o grupo Mirim Santos Expedito, que já reúne cerca de 30 crianças e adolescentes, transmitindo a riqueza cultural e os ensinamentos passados de geração em geração.

A realização das atividades do reisado evidencia um forte compromisso com a democratização do acesso à cultura. As iniciativas promovem a inclusão de todos os públicos, através de práticas que asseguram a acessibilidade física, visual, auditiva e para pessoas com deficiência intelectual, garantindo que a tradição seja compartilhada de forma ampla e participativa em comunidades de diversas realidades.

Além de fortalecer a identidade cultural local, o projeto dos reisados tem um papel estratégico na promoção da economia criativa e no desenvolvimento do terceiro setor. Em regiões como Juazeiro do Norte e Esteio, no Rio Grande do Sul, a revitalização do reisado estimula o turismo cultural, fomenta a geração de renda e a criação de empregos, contribuindo para a movimentação econômica e para a valorização de práticas artísticas tradicionais que, historicamente, foram negligenciadas.

O impacto social e cultural do reisado se reflete na transmissão de valores, na promoção da inclusão e na construção de uma memória coletiva que dialoga com as transformações do mundo contemporâneo. A interação entre mestres, contramestres e os jovens aprendizes não só preserva técnicas e repertórios, mas também serve de inspiração para outras comunidades que buscam resgatar suas raízes e transformar o legado em oportunidades de crescimento econômico e social.

A profissionalização dos grupos e a dedicação dos líderes culturais, como Cícera Flatenara, evidenciam o potencial transformador dessa tradição. Ao promover o reencontro com o passado e incentivar a inovação dentro da cultura popular, o reisado se estabelece como uma ferramenta poderosa para a integração social e a preservação do patrimônio imaterial brasileiro, reafirmando sua importância na cena cultural nacional.

A redação